A juventude não foi feita para o prazer, mas sim para o heroísmo!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Ateus querem retirar cruz do museu do World Trade Center. Eles afirmam sofrer dores físicas e emocionais com a presença dela


 (Foto acima: o crucifixo instalado na frente da igreja São Pedro, em Manhattan.)

Edson Carlos de Oliveira
Há um ano, um grupo de ateus do movimento American Atheist Inc entraram com uma ação judicial exigindo que a World Trade Center (WTC) Memorial retirasse o crucifixo feito com destroços do WTC que foi instalado com destaque no museu da instituição. Nesta semana, os advogados do memorial pediram para que o tribunal de Manhattan descarte a ação movida pelos ateus.

História da cruz milagrosa

Dois dias após os ataques terroristas de 11 de setembro (2001), os trabalhadores encontraram entre os destroços do World Trade Center uma viga de aço, com a forma de um crucifixo, de cerca de 10 metros de diâmetro, 20 metros de altura e pesando 10 toneladas (foto a cima).

"Foi uma cruz inconfundível, feita de metal retorcido, como se tivesse sido intencionalmente plantada", disse um trabalhador da equipe de resgate. O produtor do Filme “
The Cross and the Towers” (ver trailer), Scott Perkins, disse que, diante dos esforços exaustivos dos trabalhadores, "era como se Deus estivesse estendendo a mão e dizendo: 'Eu estou com você, eu estou aqui, venha encontrar a paz em mim'".

Depois de encontrada, a cruz foi transferida para a igreja de São Pedro, uma paróquia católica perto do local do desastre, em Manhattan.

Fanatismo ateu

Em julho do ano passado, a cruz foi transferida da frente igreja para o museu do memorial, provocando a ira dos ateus.

Para Kenneth Bronstein, presidente do New York City Atheists, "a cruz não é um milagre. É apenas um par de vigas enferrujadas, uma das centenas encontradas após as Torres Gêmeas caírem".

Dave Silverman, presidente do American Atheists, autor da citada ação judicial, afirma que a permanência do símbolo católico contraria a constituição americana e é uma forma de divulgação, por parte do Estado, de uma Religião em detrimento das demais.
A cruz precisou entrar
pelo teto do museu.
"Os cristãos podem amar e se reunir em torno do que eles quiserem, e se eles querem endeusar um pedaço de entulho, isso é com eles, mas isso não significa que eles merecem uma representação exclusiva no memorial do WTC", disse Silverman.

Dores físicas e psicológicas pela presença da cruz

Os ateus afirmam no texto da ação judicial que "sofreram, sofrem e continuarão a sofrer danos, tanto físico como emocional, pela presença da cruz". Eles dizem ter "sofrido dispepsia, sintomas de depressão, dores de cabeça, ansiedade e angústia por se sentirem excluídos oficialmente das fileiras dos cidadãos que foram diretamente prejudicados pelo ataque de 9/11".

A defesa do Museu

Em resposta, o World Trade Center Memorial Foundation (WTCMF) defendeu o crucifixo, por ser "símbolo de conforto espiritual para milhares de trabalhadores que atuaram no resgate das vítimas do Ground Zero".

No documento de defesa entregue ao tribunal, o WTCMF descreve que é uma organização independente, sem fins lucrativos, e não uma agência governamental. "As decisões de seus curadores de mostrar objetos particulares no museu não são ações do Estado" e, portanto, as proteções constitucionais citadas no processo não são aplicáveis.

De acordo com o museu, a cruz é um "artefato importante e essencial" que "compreende um componente chave da nova versão da história de 9/11, em particular o papel da fé nos eventos daquele dia e, principalmente, durante os esforços de recuperação".
Trabalhadores rezam diante do crucifixo.
"Depois de sua descoberta, o artefato foi venerado por alguns trabalhadores durante o curso da operação de resgate e recuperação no Ground Zero, incluindo nos serviços religiosos realizados por um sacerdote", diz o documento.

O museu também se negou a atender ao pedido de grupos ateus de colocar em exposição um artefato de 17 metros ou um broche de lapela em memória do ateísmo.

Alice Greenwald, diretora do museu, explicou que "não é irracional que o Museu 9/11 não apresente esses itens", pois o Museu não é um "negócio de fornecer tempo igual para as religiões, mas sim para contar a história de 9 de setembro e de suas vítimas".
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Fontes consultadas:
- OpposingViews,
Atheists See World Trade Center Cross as Battle Over Equal Rights, 19/8/2012.
- CBS New York, Atheists Want WTC Cross Out Of 9/11 Museum, 15/8/2012.
- New York Post,
9/11 cross check, 15/8/2012.
- ABS CBN News,
World Trade Center 'cross' causes religious dispute among Fil-Ams, 20/8/2012.

Fonte: Conservador, agosto de 2012.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Batalha religiosa nos EUA em torno do sanduíche de frango


Marcio Coutinho
No dia 1º de agosto, longo engarrafamento em Ashland, Kentucky,
para comprar na rede Chick-fil-A e apoiar a familia tradicional.

A rede de lanchonetes americana Chick-fil-A, conhecida pelos seus sanduíches de frango – com mais de 1.600 filiais –, costuma doar parte de seu lucro às campanhas pró-família que, dentre outras ações, promovem ações contra o chamado “casamento” homossexual.
A Folha de São Paulo (27/7/2012) informa que Dan Cathy, presidente da rede, “pronunciou em entrevistas que a empresa segue “a definição bíblica” de família para justificar as doações”, e que a página da rede no Facebook diz quea empresa sempre “aplicou princípios bíblicos, como fechar aos domingos e doar parte do lucro”.

Tal declaração suscitou ferozes reações de movimentos favoráveis às práticas homossexuais que qualificaram o sanduíche como “frango do ódio”. Thomas Menino, prefeito de Boston – cidade onde o dito “casamento” entre pessoas do mesmo sexo foi legalizado – prometeu “vetar a abertura de uma filial na cidade”. Logo em seguida o prefeito foi “criticado em editoriais por atentar contra a liberdade de expressão”. Apoiando o boicote à rede, a empresa dona dos personagens Muppets “rompeu o contrato que tinha feito para fornecer brindes à Chick-fil-A por causa de sua posição anti-homossexual”.
Em Fresno, Califórnia, em 1ºde agosto, formou-se uma
longa fila para comprar o sanduíche de frango.

Entretanto, reações entusiastas a favor da rede “pró-família” logo se fizeram sentir. Mike Huckabee, governador do Arkansas, manifestou-se contrário às campanhas de boicote feitas à Chick-fil-A, e apontou a contradição: quando a esquerda faz declarações de que empresas vêm dando apoio ao “casamento” homossexual, ao aborto, ou a profanações, nenhuma represália vem à tona, mas, quando cristãos afirmam valores tradicionais, são tachados de homofóbicos, fundamentalistas, semeadores de ódio e intolerantes.

Neste contexto, em que a questão religiosa americana se intensifica, Huckabee convocou a todos que defendem valores familiares tradicionais para comprarem sanduíches no dia 1 de agosto nas lojas do Chick-fil-A, o que ficou conhecido como “Chick-fil-A Appreciation Day“.
Até Rick Santorum, figura proeminente do Partido Republicano, mandou um e-mail com a seguinte mensagem: “Ajude-nos a lutar pelos valores familiares tradicionais: coma frango”.

Mais de 640.000 pessoas se comprometeram a participar de Chick-fil-A Appreciation Day.

No dia marcado houve imensas filas para comprar sanduíches, além de congestionamentos quilométricos de automóveis nos drive-thru. Ao longo do dia as filas iam aumentando. No final, o sucesso foi tal que várias lojas ficaram sem matéria prima. Quando anunciavam às pessoas nas filas que tal ou tal tipo de sanduíche tinha acabado, todos aplaudiam. Algumas filiais registraram o aumento de 200% nas vendas, um record mundial histórico para restaurantes de fast-food.
Há quem diga que a questão religiosa se polarizou apenas nos EUA. Contudo, acontecimentos correlatos são evidenciados a todo o momento pelo mundo afora, por exemplo no Brasil onde, na sua ultima eleição, em 2010, Aborto, Família e Deus tornaram-se pauta eleitoral e os próprios candidatos manifestaram um aumento súbito de piedade para tentar acompanhar os anseios da população. É de se esperar que da próxima vez pelo menos seus “diretores espirituais” (os marqueteiros), os ensinem a fazer o Sinal da Cruz com a mão direita…

No momento atual, o Brasil enfrenta uma nova investida dessa Revolução Cultural que quer fazer tremer as instituições no mundo inteiro.
Então não deixe de protestar contra as propostas anti-família do projeto do novo Código Penal Brasileiro. Envie agora sua Petição ao Presidente do Congresso Nacional. Em que Ação Jovem está apoiando!

domingo, 26 de agosto de 2012

O célere caminhar do nudismo


Tudo começou com noticias de que mulheres feministas, reunidas num grupo chamado Femen, realizavam na Ucrânia manifestações de protesto, sempre em topless e às vezes quase totalmente desnudas

Cid Alencastro

O fato em si não seria de molde a despertar grande interesse, pois, ao longo da História, sempre houve mulheres marginais (como também homens), que ligam pouco para as regras da moral e da decência. Tanto mais que a Ucrânia tem uma das maiores taxas de prostituição da Europa. O que chamava muito a atenção, isto sim, era o fato de a mídia mundial conceder grande espaço, inclusive com fotos, para tais manifestações. Ficava a desconfiança de que algo de maior alcance estava em gestação.

As desconfianças aumentaram quando o mesmo grupo ucraniano apareceu fazendo protestos contra o turismo sexual, a exploração de gás e diversos outros temas em Varsóvia (Polônia), Hamburgo (Alemanha), Paris (França), Istambul (Turquia), Zurique (Suíça), Minsk (Bielorrússia), etc. Quem terá financiado essas viagens internacionais e as respectivas estadias? Esse exercício de globetrotters fica caro. E não consta que essas mulheres exibicionistas sejam milionárias. A quem interessa financiá-las? Curiosamente, a mídia, sempre afoita em descobrir fontes duvidosas de recursos, silenciou sobre esse ponto, ao mesmo tempo que noticiava largamente tais “protestos” pelo mundo afora.

Faltava envolver o Brasil nessa mascarada. Mas já não falta mais. Vem sendo propagandeada uma “ativista” brasileira desse grupo, que participou de “protestos” na Ucrânia. Segundo ela, o tal Femen “já tem 12 mulheres de capitais do Brasil interessadas em realizar protestos na Copa do Mundo de 2014 [...] A ativista também assegura que as próprias líderes do Femen, em 2014, devem viajar ao Brasil para participar de protestos [...] A brasileira ficará responsável por organizar e liderar projetos das ativistas na América Latina”. (“Portal Terra”, 1-7-12). E prossegue: “As líderes do Femen viajam até Londres para também realizar protestos durante os Jogos Olímpicos”.

Qual a vantagem que advém, para as causas defendidas por essas ativistas, do fato de elas aparecerem em topless? Aparentemente nenhuma. Então por que esse exibicionismo? Ao que tudo indica, sob pretexto de “protestos” de diversos tipos, o que está em curso é uma ofensiva calculada para expandir o nudismo e torná-lo uma coisa “normal”.

Porém, o mais grave é que não se trata de manifestações isoladas, numa sociedade moralizada. Não é um demônio aparecendo entre anjos, como no episódio narrado no Livro de Jó: “Um dia em que os anjos se apresentaram diante do Senhor, veio também Satanás entre eles” (Jó, 1,6).

Não. Tal ofensiva de topless é a ponta de lança num caminhar para o nudismo, dentro do contexto da moda atual, favorecedora de todo tipo de micro-roupas, em que o pudor e frequentemente a própria decência são totalmente ignorados.

Ora, o nudismo é um ingrediente necessário do caminhar da revolução universal anárquica que visa à demolição total do que ainda resta de civilização cristã no mundo. Nesse caminhar rumo à anarquia, dizia Plinio Corrêa de Oliveira, “há de chegar o momento do nudismo total e da inteira e total liberdade de relações sexuais, como entre os animais” (Revista Catolicismo, abril/1998). É para lá que nos dirigimos com celeridade, se a Providência Divina não cortar o passo a essa Revolução.

Fonte: IPCO, agosto de 2012

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A Universidade Brasileira e o Sistema de Cotas


Leo Daniele

Os exames vestibulares terão uma novidade, a partir do fim deste ano e início do próximo: serão aplicadas as cotas raciais e sociais, já aprovadas. As universidades e escolas técnicas federais serão obrigadas a reservar metade de suas vagas a candidatos que cursaram o ensino médio na rede publica. Desta metade, 50% serão destinadas a alunos cuja renda familiar não ultrapassar l,5 do salário mínimo. Terão prioridade os estudantes autodeclarados negros, pardos ou indígenas. Que pensar deste affaire?

O assunto pode ser examinado debaixo de dois ângulos principais: 1. o bem das classes menos favorecidas; 2. o bem comum de todo o País.

Vejamos primeiramente se as cotas vão realmente ajudar os estudantes mais pobres.

1. As cotas são uma das metas do Movimento dos Sem Universidade (MSU), congênere dos sem terra e dos sem teto, com boné e tudo o mais. O MSU é menos conhecido — por enquanto — que seus congêneres.

O MSU, como os outros “sem”, é uma criatura da esquerda católica, e ela o reconhece como tal. Surgiu “da organização dos Cursinhos Populares, do ativismo social da Pastoral da Juventude do Meio Popular e da Pastoral da Juventude”. O nome foi sugerido por Dom Pedro Casaldáliga, bispo aposentado da extrema esquerda católica e patrono dos sem-terra.[1]

Aparentemente, existiria para auxiliar os negros e as classes menos favorecidas. Será mesmo?
Liu-Chao-Chi, Secretário do Partido Comunista Chinês e autor do livro “Para ser bom comunista”, diz que ajudar os menos favorecidos “é um ideal de filantropos, não de marxistas”. Ou seja, os marxistas só se interessam pelas classes inferiores como massa de manobra política, como ferramenta de luta, como “bucha para canhão”. E Henri Lefèbvre, um dos mais conhecidos teóricos do marxismo, afirma: “O marxismo não alimenta um humanismo sentimental e choramingão. [...] O marxismo não se interessa pelo proletariado enquanto fraco, mas enquanto ele é uma força”.[2]

O golpe é velho: procura-se açular alguém a quem falta alguma coisa contra os que a possuem, manipulando duas reprováveis tendências da natureza humana decaída: a ambição e a inveja. Visando o que? Em última análise, o igualitarismo. A compaixão pelos menos favorecidos é excluída.

Quem entrou em alguma universidade por causa das cotas, sem estar qualificado, pode ter problemas depois. Se não desistir durante o curso, terá de enfrentar em desvantagem a concorrência no mercado de trabalho. Terá de pagar seu preço por ter querido fugir da realidade. Uma pergunta: será que em futuro próximo vão estabelecer cotas também para o mercado de trabalho? É uma pergunta lógica.

Os campeões da igualdade e da “inclusão” social, em sua paixão destemperada, nada mais fazem que humilhar a simpática raça negra, a que tanto deve o Brasil.

Claudimara Cristina Carvalho afirma: “Sou negra, e entrei para a faculdade sem precisar de cotas. Aliás, na faculdade em que prestei, não há diferença para negros. Se o não-negro dispensa cotas para entrar na faculdade, por que nós negros precisamos?”

A estudante Luana Miranda, de 19 anos, se prepara para o vestibular no Cursinho da Poli. Negra, apesar de ser beneficiada pela lei, ela é contra as cotas raciais. “Os negros ainda sofre preconceito, a elite brasileira é branca. Mas isso não justifica as cotas. Não é a cor de pele que diz as dificuldades pelas quais você passou”, diz ela.

No fundo, a reserva de cotas para negros recende a racismo. É o pensamento do negro Ingo da Silva, que diz: “Todos os negros devem rejeitar isso, porque mais parece esmola. [...] Vão dizer: ‘Está cursando porque deram uma mãozinha’”.

Essa movimentação a favor das cotas ‒ de fato, cotas privilegiantes de alguns, que põem de lado os méritos de outros ‒ está fazendo como alguém que, para não ter febre, quebra o termômetro. Escamoteia o medidor do nível de preparo, que é o vestibular. A exemplo de seus similares sem-terra e sem-teto, com o sistema de cotas se cria uma nova categoria de “invasores”: os sem-universidade. Ao que parece, a esquerda não consegue principiar nada sem algum tipo de invasão, legal ou não.

Ninguém é contra que um “sem-universidade” se torne um “com-diploma”, desde que o faça adequada e ordenadamente. Não por meio da bolorenta “luta de classes”, e sim através de um aperfeiçoamento do ensino fundamental.

2. O ponto de vista do bem comum

A meta geral das universidades é a competência e isso é uma das muitas coisas de que o Brasil precisa. Por que este privilégio das cotas, que desafia o bom senso, favorecerá a competência no caso das universidades? A medicina brasileira terá o grau de acerto aumentado? Onde ficará a segurança jurídica? Que garantia teremos da solidez dos edifícios? Aonde iremos parar?

Pete Du Pont argumenta com acerto: “Se nossa política é falsificar a medição das habilidades em lugar de melhorar as aptidões dos menos hábeis, então nos enganamos a nós mesmos e pomos em risco nossa sociedade”.[3]

Não é lógico adotar o assistencialismo como critério de seleção, quando se visa à competência, pois a fuga da realidade geralmente não produz bons resultados. Ou não se visa a competência? Aviltando a nobreza dos centros de excelência que devem ser as universidades brasileiras, o anteprojeto quer impor o reprovável figurino ideológico do nivelamento e da despersonalização.

Diz Dr. Plinio que “o bem comum visa todos os membros da sociedade e do Estado, como o bem comum do organismo inclui o de todas as células. E assim como o corpo todo é solidário para a preservação de qualquer célula, e se move para proteger as mais necessitadas, o Estado e a sociedade devem ter um empenho efetivo em proporcionar a cada membro as condições normais de existência e aperfeiçoamento.[4]

Isto não se faz com cotas raciais e sociais, mas com o bom senso próprio de uma civilização cristã.


[1] Site do MSU ‒ www.msu.org.br ‒ acessado em 8-3-05.
[2] Henri Lefèbvre, Le marxisme. Presses Universitaires Françaises, 21ª ed., Paris, p. 56.
[3] Colorblindness Is Golden – Will Californians vote to join the human race? American Civil Rights Coalition.
[4] Plinio Corrêa de Oliveira et al, “Reforma Agrária – Questão de Consciência”, ed. do cinquentenário, p. 185. Arpress, São Paulo, 2010.

Fonte: IPCO, Agosto de 2012.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Para sua apreciação, análise e cometário!

O gato socialista


Leo Daniele

Lendo o noticiário nacional dos últimos tempos, lembrei-me de uma poesia que recentemente encontrei no computador, a qual encantava um colega socialista, em meu distante curso secundário. É de autoria de um notório esquerdista, C. A. Trilussa, e se intitula “O Gato Socialista”:

Um gato, conhecido socialista,
No fundo, espertalhão matriculado,
Estava devorando um frango assado
Na residência de um capitalista

Eis então que outro Gato apareceu
Na janela que dava para a área:
– Amigo e companheiro, também eu
faço parte da classe proletária!

Melhor do que ninguém, conheço as tuas ideias.
Estou mais que certo pois
De que dividirás o frango em duas partes,
uma para cada um de nós dois!

– Vá andando, resmunga o reformista,
Nada divido seja com quem for,
Em jejum, sou de fato socialista,
Mas, quando como, sou conservador!

Não desejo visar ninguém transcrevendo esta poesia. Qualquer semelhança com coisas que acontecem na atual vida política brasileira é mera coincidência…

Mas todos os socialistas serão assim interesseiros? Respondo: talvez não. Alguns seriam piores, pois fazem o mal por convicção. Imagine dois malfeitores, um que o é por dinheiro, outro que o faz o que faz por ódio e por vontade própria. Consciente e voluntariamente. Qual dos dois é pior? Evidentemente, o segundo. Esta é a minha primeira ressalva a esta poesia, escrita aliás por um socialista, que sabe do que está falando.

Outra ressalva: conservador autêntico não é como o que fica insinuado na poesia, mas sim alguém que defende com idealismo a doutrina social católica ‒ o direito de propriedade, a livre iniciativa, o papel meramente supletivo do Estado, a moralidade pública. Se assim for, eu mesmo espero ser um deles. E, ademais, contra-revolucionário, no sentido do livro “Revolução e Contra-Revolução”, do prof. Plinio Corrêa de Oliveira.

Fonte: IPCO, junho de 2012.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

China: em sagração novo bispo renuncia ao regime e “desaparece”


Luis Dufaur

A sagração do novo bispo auxiliar de Xangai, combinada entre o governo comunista chinês e a Santa Sé, teve um desfecho inesperado., noticiou “La Vie”.
D. Thaddeus Ma Daqin “desapareceu”
logo após sagração

Na hora da sagração o agora novo bispo Dom Thaddeus Ma Daqin, recusou a imposição das mãos de Dom Zhan Silu, bispo “oficial” de Mindong não reconhecido por Roma e afiliado à ditadura anticristã. Também se recusou a receber a comunhão desse bispo ilegal.

Em sua homilia, Dom Thaddeus, que era membro do Comitê Nacional da Associação Patriótica, disse: “Eu acredito que não convém continuar servindo a Associação Patriótica”.

O povo aplaudiu vivamente a declaração e verteu torrentes de lágrimas diante de uma coragem que há muito os líderes da Igreja não exibem.

D. Ma Jaqin não podia ignorar o preço de sua atitude: ele “desapareceu” após a cerimônia.

O regime alega que “foi repousar porque sofria de esgotamento físico e moral” no seminário da cidade. Mas, o sofisma faz pensar em alguma forma de intimidação psicológica ou até prisão.

Em Hong Kong, as autoridades eclesiásticas julgam que ele está prisioneiro de fato.

Fonte: IPCO, agosto de 2012.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Para sua apreciação, análise e cometário!

Você é indiferente às diferenças?


Leo Daniele

Um casal distinto. Vê-se até pelo modo de fazer sinal para o taxi. O marido abre a porta para a senhora subir. É um casal de meia idade, da sociedade de São Paulo. Bem vestido, sem excessos. Mas para Josmair, o motorista, eram apenas dois passageiros comuns. “Contanto que paguem pela corrida, são todos iguais”. Banco da frente, banco de trás, dois mundos. Completamente indiferente às diferenças, Josmair tinha apenas certo receio de que eles fizessem exigências. Qual nada, apenas pediram para desligar o rádio, que vociferava uma música agitada e de mau gosto, o que Josmair fez com certa má vontade. Fora disto, a corrida transcorreu e terminou normalmente.

Passou-se uma par de horas, de volta para casa o marido faz novamente sinal para outro taxi. O motorista era Raimundo, um brasileiro expansivo que percebeu logo tratar-se de um casal distinto. Preocupou-se em que estivessem bem cômodos, em que o ar condicionado estivesse bem para eles. Desligou o rádio espontaneamente, pois sentira um pouco de temor reverencial diante do refinamento daquele par. Transmitia, em suas palavras, a simpatia que sentia, e a simpatia era recíproca. O terço preso no espelho do carro completava o episódio.

Nem ele nem o casal eram indiferentes às diferenças: os passageiros eram distintos e amáveis, ele era atencioso e serviçal. E quando terminou a corrida, Raimundo, em mau português, disse: “A zorde, patroa”. Enquanto dava a partida, disse para seus botões, em termos também muito populares: “Gente fina é outra coisa!”

Duas atitudes típicas, a de Raimundo e a de Josmair. Muito diversas em termos de sensibilidade. Josmair era indiferente às diferenças, o que não acontecia com Raimundo.

Como é óbvio, esse problema da indiferença diante das diferenças não existe apenas entre os motoristas de taxis e os passageiros… Os exemplos dados mostram episódios minúsculos, mas não esqueçamos de que a vida é feita quase toda de pequenos episódios.

Às vezes um povo inteiro pode não ser indiferente às diferenças. Por exemplo, os ingleses ao rebatizar a famosíssima Torre do Big-Ben, às margens do Tâmisa, com o nome de Elizabeth Tower, por ocasião das bodas de diamante da coroação da atual rainha da Inglaterra. Isto foi há dias.

Temos então duas atitudes possíveis: a admiração de quem é sensível às diferenças e o fechamento do egoísta. Por exemplo, uma pessoa vai caminhando por uma rua de Ouro Preto, e se depara com uma linda igreja colonial, ou com uma obra do Aleijadinho. Ou a aprecia e admira, ou a vê como se fosse uma banalidade, e não desperta nela nenhuma reação. É tanta a indiferença, que pode até escrever seu nome com um canivete no pedestal da obra de arte. Vale tudo para um indiferente.

Dr. Plinio põe nos lábios de uma pessoa que seja assim as seguintes palavras: “eu entro na minha ‘vidinha’, meu trabalhinho, meu estudinho, meu probleminha, minha carreirinha, meu dinheirinho”[1], mas não penso nas coisas maiores, para as quais nasci e que devo analisar, devo admirar ou rejeitar. Este se entrega à “vidinha”.

Pode ser o pensamento de alguém que deseja ser “indiferente às diferenças”. Ou a atitude de alguém diante das desigualdades que vê nos outros. Pois essa indiferença é uma atitude prática: podemos afundar tranquilamente em nosso egoísmo, sem precisar julgar a fundo coisa alguma, nem muito menos fazer um elogio, ou enunciar uma crítica. Ora, as diferenças existem para as considerarmos sem indiferença, com elevação e nobreza de alma.





[1] Conferência em 1966.

 Fonte: IPCO, julho de 2012.