A juventude não foi feita para o prazer, mas sim para o heroísmo!

quarta-feira, 28 de maio de 2008

O Castelo de Chambord

Harmonia misteriosa: força e delicadeza
Plinio Corrêa de Oliveira

Que maravilhoso conglomerado de torres! Quanta força! Quanta solidez!
Mas, ao mesmo tempo, o seu conjunto produz uma sensação de harmonia e delicadeza.
Há uma nobreza nesses tetos azulados que descem tão harmonicamente até a parte de cantaria de pedra, assim como algo de vigoroso nessas rochas agarradas ao chão, que parecem dizer: "Quem quiser me derrubar, se espatifa; quem quiser arrancar-me do solo tem que tirar o mundo dos seus próprios gonzos, porque eu sou uma torre do Castelo de Chambord e ninguém me tira daqui".
Que harmonia misteriosa nessa conexão entre a força e a delicadeza; entre o planejado do castelo e o espontâneo aparente da disposição das torres! Como é belo ver qualidades antitéticas juntas.
Por que oferecem beleza especial as qualidades harmônicas opostas quando juntas? Porque um dos princípios da beleza é o da unidade na variedade, que é a melhor imagem de Deus na criação natural e exprime uma das formas de perfeição que Deus pôs no Universo. Portanto, deve ser uma das exigências da alma humana. Assim, o espírito humano tende a contemplar o que é uno, mas também o que é vário, diverso e movimentado.
Nesse castelo, há unidade na variedade. Contemplando-o, minha alma repousa e ao mesmo tempo se eleva até Deus.
Que beleza, que elegância, que distinção, que nobreza, que grandeza, que requinte! Como isso nunca se conseguiu a não ser na civilização cristã! Como, ó Senhor Jesus Cristo, é fecundo Vosso sangue, pois, mil e quinhentos anos depois de Vossa morte, dele ainda nasce essa flor e desabrocha esse encanto! Senhor Jesus Cristo, Vós sois a fonte de toda graça, de toda glória e de toda beleza. Eu Vos adoro!
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 10 de julho de 1972. Sem revisão do autor.
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Nota: Chambord é um dos famosos castelos do vale do rio Loire. Construído pelo rei Francisco I a partir de 1519, é uma das obras-primas do estilo renascentista francês.



Fonte: Revista Catolicismo

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Varonilidade pagã e falsa paciência cristã

Se compararmos os traços deste romano do século III de nossa era - representado em uma esplêndida escultura que se conserva no Palácio do Capitolino - com os do famoso Apolo do Belvedere, a incorreção deles se patenteia imediatamente. Deste ponto de vista, não se poderia dizer com rigor de expressão que se trate de um belo homem.
Entretanto, ninguém pode negar que uma certa sensação de beleza se desprende do conjunto de sua fisionomia. Mas é uma beleza principalmente moral. O talhe do rosto e a conformação do crânio são muito proporcionados. A fronte, as orelhas, os olhos, o nariz e a boca se adequam reciprocamente com perfeição. Destes traços, cada uma dá uma impressão de justa medida, de força, de regularidade, que parece encontrar no olhar sua mais alta e viva representação. Olhar límpido, sereno, grave, habituado a analisar o mundo com um senso de dominação e uma confiança em seus próprios recursos, realmente admirável. Olhar que deixa transparecer uma alma de têmpera varonil, capaz de enfrentar com força e nobreza os embates e os reveses da vida.
Tal era o romano, todos o sabem. E estas foram as qualidades que ele soube comunicar às suas grandes realizações: o Império, o direito, e as obras primas de sua literatura e de sua arte.
Mas se tal era o romano, muito particularmente tal era em Roma o militar. Pois foi pelo alto teor com que possuíram as qualidades do povo, que os exércitos romanos dominaram o mundo.

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São Sebastião foi, no mesmo século III, comandante da primeira coorte sob os imperadores Diocleciano e Maximiniano. Esta tropa era a elite do exército, o qual, do ponto de vista da varonilidade, era por sua vez ( como dissemos ) a elite do povo. Não conhecemos nenhum documento capaz de nos esclarecer sobre a fisionomia do glorioso Mártir. Mas tudo leva a crer que seria ainda muito mais grave e forte do que a do romano anônimo do primeiro clichê.
E isto tanto mais quanto São Sebastião era católico. E a graça, elevando e fortificando a natureza, longe de debilitar nele as virtudes do romano, lhes dava um valor e uma intensidade incomparáveis.
Como admitir então que o nobre chefe de coorte se parecesse com este jovem, que crivado embora de flechas, se diria a um tempo a antítese da mortificação cristã e da gravidade de espírito?
Trata-se de um moço bem feito de rosto e de corpo, muito seguro de sua boa aparência, encantado de se exibir. Seu rosto tem uma expressão sentimental e caprichosa. A atitude de seu corpo é de quem está molemente gozando o sol e as brisas, um pouco cansado de estar de pé. Ele usa o tronco de árvore como confortável encosto, e arranjou um jeito de apoiar comodamente os pés em dois galhos cortados. As flechas não lhe causam a mínima dor. Nada, na sua figura, nos dá a impressão de que ele vai morrer. A lembrança de Deus e da vida eterna, a súplica para alcançar a perseverança final, a prece pela Santa Igreja, a invectiva salutar ou a palavra de bondade aos algozes, nada disto se exprime ou se representa no quadro.
Dir-se-ia que este moço, enfastiado por se achar só, está esperando que o venham buscar, a fim de volver aos afazeres da vida quotidiana.
Em última análise, trata-se de uma figura moralmente medíocre, preocupada exclusivamente consigo e com o mundo... na medida em que este lhe diz respeito. Pertence à família moral das almas banais.
Artisticamente, um grande quadro, que, aliás, se deve ao pincel imortal de Botticelli. Mas que o mestre não deveria ter intitulado "São Sebastião". Melhor teria sido apagar as flechas, figurar o jovem no nível do chão, e chamar o quadro "moço faceiro, tomando sol".
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A que estes comentários? Para fazer sentir todo o mal que a Renascença pagã fez às almas, difundindo pela arte um estado de espírito impalpável mas contagioso, capaz de contradizer discretamente todas as idéias da Igreja sobre perfeição moral.
Advertência para os católicos, postos em face das aberrações tão mais graves de numerosos artistas modernos!

Fonte: Catolicismo Nº 73 - Janeiro de 1957

Castelo de Lourdes: marco vitorioso contra o Islã


No pináculo de um rochedo recoberto de abundante vegetação, protegendo, como um guerreiro, a pequena cidade onde Nossa Senhora quis se manifestar, ergue-se altaneiro o castelo-fortaleza de Lourdes, numa posição de domínio sobre o verde jante vale que se estende a seus pés.
Como fundo de quadro, nos confins do horizonte, parecendo desafiar o castelo-fortaleza, sobressaem grandiosas montanhas nevadas - contrafortes dos Pirineus.
Em estilo românico, com grossas e altas paredes de pedra, poucas e estreitas janelas, possante torre - na qual se localiza o donjon -, o castelo está situado bem próximo da gruta de Massabielle, onde Nossa Senhora apareceu a Santa Bernadette, e é certamente o símbolo mais expressivo da vitória dos católicos contra os mouros, na França.
A primitiva fortaleza, existente no local do castelo, era dominada por um chefe sarraceno, chamado Mirat, quando, em 778, Carlos Magno, o invencível Imperador cristão, com seus francos a cercou e tentou conquistá-la pela fome.
Aconteceu, entretanto, que uma águia, sobrevoando a fortaleza, deixou cair no seu interior uma truta que acabara de pescar no lago vizinho. Mirat mandou levar o peixe a Carlos Magno com uma mensagem, mostrando que uma praça tão abastecida de víveres poderia resistir ainda por muito tempo.
Carlos Magno enviou, então, ao comandante mouro um de seus embaixadores, o santo bispo de Puy, para dizer-lhe que se ele, Mirat, julgava rebaixar-se capitulando nas mãos do mais ilustre dos homens - o chefe dos francos ­poderia, sem nenhuma vergonha, render-se à Virgem, Nossa Senhora de Puy-en-Velay.
Mirat, tendo aceitado a proposta, rendeu-se e pediu o batismo, recebendo o nome de Lorus (de onde o nome de Lourdes), e conduziu seus guerreiros em peregrinação ao rochedo de Puy-en-Velay, para venerar a imagem da Santíssima Virgem.
Ainda hoje, as armas da cidade de Lourdes trazem três torres sobre as quais plana uma águia, tendo no bico uma truta. E uma escarpa do rochedo conservou o nome de "Rochedo da Águia".