Nos Estados Unidos, Guatemala e Equador, alguns exemplos da guarda da castidade pelos jovens, dignos de serem admirados e imitados
Gregório Vivanco Lopes
Em nossa época de propaganda e marketing, talvez nenhum “produto” seja tão promovido e exaltado quanto a imoralidade. Cinema, novelas na TV, anúncios, reportagens nos jornais e revistas, a abundante miscelânea da Internet. Outros itens como modas, patrocínio oficial, atividades a favor dos “direitos humanos”, educação sexual nas escolas, legislação permissiva — tudo colabora no mesmo sentido. Nunca é demais lembrar, infelizmente, a conivência — ou pelo menos a omissão — de não poucos membros do clero “progressista”.
Para ninguém escapar a essa pressão onímoda que se exerce especialmente sobre os jovens, alvo preferencial da onda corruptora, ergueu-se em torno deles um fenomenal muro psicológico, mais danoso para as almas do que os muros e muralhas que se constroem para cercear a liberdade de povos e nações. Trata-se de um muro alicerçado em brincadeiras maliciosas, zombarias, insinuações, visando colocar no ridículo e menosprezar o jovem que ouse sair dos trilhos da corrupção moral.
Somente a sólida convicção em torno de princípios muito claros, apoiada por uma coragem a toda prova, pode habilitar o jovem a não se dobrar a tão grande pressão e furar o cerco. Não se trata portanto de tarefa para tolos tipo maria-vai-com-as-outras, nem para covardes.
Segundo o escritor católico francês Paul Claudel, a juventude não foi feita para o prazer, mas para o heroísmo. Um heroísmo que se obtém mediante a oração e a devoção a Nossa Senhora.
O educador e escritor húngaro Mons. Tihamer Toth (1889-1931), em seu livro “O Brilho da Mocidade”, tem este belo pensamento: “Se eu tivesse que dar uma medalha de ouro, escolhendo entre um general que ganhou uma guerra ou um jovem que vive a castidade, eu a daria para este último”.
Por tudo isso, alegra-nos constatar o surgimento, aqui e acolá, de grupos de rapazes e moças que furam o cerco e se unem para enfrentar a onda de imoralidade, guardando a castidade. Lírios nascidos no lodo e banhados pelo sol da pureza, eles merecem todo nosso apoio e incentivo, para que perseverem. Seguem alguns exemplos.
Guatemala: Ato diante do Santíssimo Sacramento
Durante o Primeiro Congresso da Juventude Católica da Guatemala, realizado nos dias 13 e 14 de março último, mais de sete mil jovens lotaram o Coliseu Domo na Cidade da Guatemala.
Começaram o evento com uma procissão, seguida por uma consagração mariana.
Em seguida os milhares de jovens passaram algum tempo em adoração eucarística. Estando todos ajoelhados diante do Santíssimo Sacramento, o ator mexicano convertido Eduardo Verástegui rezou com eles a oração de promessa de castidade. Todos prometeram “lutar pela virtude da pureza” e “levar uma vida casta”. Depois Verástegui narrou como se deu sua conversão, e desafiou os rapazes e moças a “seguir os mandamentos de Deus e ser santos do terceiro milênio”.
Da mesma forma, a ex-atriz mexicana de telenovelas, Karyme Lozano, compartilhou sua experiência de conversão: “Abandonou sua bem sucedida carreira para viver uma vida cristã consistente, de acordo com os ensinamentos da Igreja”.(1)
Equador: Promessa de castidade e fidelidade matrimonial
Em 25 de março último, dez mil jovens equatorianos de ambos os sexos, das cidades de Quito e Cuenca, prometeram publicamente manter-se castos até o matrimônio, e depois de casados serem fiéis a seu cônjuge até a morte.
Amparo Medina, membro de Ação Pró-Vida, instituição organizadora do ato, disse que os milhares de jovens ouviram “testemunhos sobre a indústria da morte, os anticoncepcionais, o aborto, a mentira dos preservativos, as conseqüências da anticoncepção”.(2)
Estados Unidos: Oposição à “cultura moral decadente”
Conceituado site americano-canadense(3) noticia a realização do “Dia da Pureza”, comemorado em 12 de fevereiro, em que os participantes celebram a castidade. Um rol de instruções para a celebração termina com a exortação de São Paulo: “Ninguém te despreze por seres jovem. Ao contrário, torna-te modelo para os fiéis, no modo de falar e de viver, na caridade, na fé, na castidade” (I Tim. 4,12). A notícia informa ainda: “Milhares de jovens estão se preparando para celebrar o verdadeiro significado do amor, através da participação no sétimo dia anual da Pureza. Mais de 300 escolas em 44 estados [americanos], assim como centenas de igrejas e outras organizações em toda a América, se inscreveram para participar do Dia da Pureza, que é patrocinado pelo Conselho da Liberdade”.
O site-base da iniciativa explica: “O Dia da Pureza é um dia em que os jovens podem fazer uma demonstração pública do seu compromisso em manterem-se sexualmente puros, em pensamentos e ações. [...] Oferece aos que lutam pela pureza sexual uma oportunidade de estar juntos, em oposição a uma cultura moral decadente”.
Para Larry Jacobs, diretor do Congresso Mundial das Famílias, “é revigorante ter um dia especialmente dedicado a promover a abstinência antes do casamento”.
Adolescentes virgens, por razões religiosas e morais
Iniciativa isolada, minoritária, fadada ao fracasso?
O mais surpreendente é que a resposta é simplesmente NÃO! E esta resposta tem caráter oficial, pois um estudo do governo dos EUA constatou que a maioria dos adolescentes americanos são virgens. O relatório, com data de junho de 2010, foi elaborado pelos Centros de Controle de Doenças e Prevenção, sob o título “Os adolescentes nos Estados Unidos: Atividade Sexual, Uso de Anticoncepcionais e Gravidez”.
No período de 2006 a 2008, 58% dos rapazes e 57% das moças entre 15 e 19 anos relataram que nunca haviam tido relações sexuais. Os números confirmam os de outro estudo realizado em 2002. Razão mais alegada pelos adolescentes, para não terem relações sexuais: “É contra a religião ou a moral”.
Segundo Judie Brown, presidente da American Life League (ALL), “este estudo tem uma importância enorme para as nossas escolas públicas e privadas, em muitas das quais regurgitam perigosamente currículos com programas imprecisos de educação sexual”.
O número de adolescentes com experiências sexuais teve seu pico em 1988 (51%). A partir daí a abstinência veio ganhando terreno nos Estados Unidos.(4)
Notas:
1. Catholique News Agency (CNA), 18-3-10.
2. Agência Informativa Católica Argentina (AICA), 1º-4-10.
3. LifeSiteNews, 10-2-10.
4. EWTN News, 11-7-10.
Fonte: Revista Catolicismo, fevereiro de 2011.