Quo vadis, Domine?
Reverente e filial Mensagem
a Sua Santidade
o Papa Francisco
do Príncipe Dom Bertrand de Orleans e
Bragança
Movimentos que combatem obstinadamente
a propriedade
privada, inclusive por
meio de ações violentas, são convidados a participar de reuniões em importantes
organismos da Santa Sé e um deles é recebido pelo Pontífice
Dirijo-me
a Vossa Santidade em meu duplo caráter
de Príncipe da Casa Imperial do Brasil e ativo participante da vida pública de meu País, para lhe externar uma grave preocupação concernente à causa católica
no Brasil e na América do Sul em geral.
É bem conhecido dos brasileiros o fato de que foi a instâncias do Papa Leão XIII, e apesar dos previsíveis inconvenientes políticos que daí adviriam, que minha bisavó, a Princesa Isabel, regente do Império, assinou a 13 de maio de 1888 a Lei Áurea, abolindo
definitivamente a escravatura no Brasil.
Cus- tou-lhe o trono, mas valeu-lhe passar à História
como A Redentora, e receber das mãos do Papa a Rosa de Ouro, em recompensa pela sua abnegação
em favor da harmonia
social e dos direitos dos mais desvalidos.
Movido pelo mesmo senso de justiça e devotamento ao bem comum de meus antepassados, honro- me em ter dado início e animado durante 10 anos a campanha Paz no
Campo1, a qual promove a harmo- nia social no agro brasileiro. Tarefa tanto mais imperiosa quanto, nas últimas décadas, o meio rural do País vem sendo notoriamente conturbado por uma sequência
de invasões de terra, assaltos, destruição de plantações, desapropriações confiscatórias, exigências ambientalistas descabidas e insegurança jurídica.
No cerne dessa agitação agrária — que é o principal
empecilho para o pleno desenvolvimento da agricultura e pecuária
brasileiras, responsáveis por 37% dos empregos no Brasil2 e por cerca de metade dos novos empregos criados no primeiro
semestre de 20133 — encontram-se o Movimento
dos Traba- lhadores
Sem-Terra, mais conhecido pela sua sigla MST, e a organização internacional La Via Campesina.
[1] Dirigente nacional
do MST aproveita-se de seminário convocado
por organismo da Santa Sé como tribuna para insuflar a luta de classes
Por isso, foi com consternação que tomei conhecimento do convite enviado pela
Academia Pontifí- cia de Ciências
ao Sr. João Pedro Stédile, coordenador nacional do MST e representante da Via Campe- sina, para participar como observador de um seminário organizado pela referida Academia, em Roma, no dia 5 de dezembro de 2013, sobre A emergência das pessoas socialmente excluídas, com as despesas de viagem pagas pelo Vaticano, segundo declarou o próprio favorecido.
Essa consternação difundiu-se nos mais variados
meios católicos, pois, como era previsível, o co- nhecido agitador do MST aproveitou-se do evento como tribuna
para promover, uma vez mais, seus princípios errôneos e falsas soluções,
ambos baseados na premissa
marxista da luta de classes e na utopia de uma sociedade
coletivista.
Com efeito, apenas dois dias após o simpósio
realizado nas dependências da Santa Sé, o Sr. João Pedro Stédile
proferiu uma palestra para os militantes da ultra-esquerda altermundialista italiana,
num antigo
teatro de Roma por eles ocupado.
Na palestra, reproduzida pela Agência de Notícias
Adista4, ele faz apologia de seus métodos
ilegais. Segundo disse, “a estrada
das mudanças pela via institucional parece decisivamente bloqueada”; e até gabou-se
de que “tudo o que o MST tem conquistado no decurso de seus 30 anos de vida é devido à prática das ocupações de massa”, ou seja, da violação sistemática da propriedade privada no meio rural.
A necessidade desse recurso à ilegalidade e até à violência por parte do MST decorreria, segundo Stédile,
do fato de que “no atual contexto
histórico, a correlação
de forças a nível de luta de classes
é bastante
desfavorável às classes
trabalhadoras” — ou seja, às esquerdas que usurpam a representativi- dade do setor operário.
Stédile admite inclusive que “o mundo vive um período de refluxo do movimento
de massa” que afeta ao próprio MST, devido a que “as condições
da luta de classes
resultam mais difíceis: as massas percebem a impossibilidade de uma vitória,
e se voltam para trás”.
[2] “A curva da luta de classes será mundial ... e a terra tremerá”
Mas ele afirma que essa falta de apoio popular não deve desencorajar as forças da esquerda.
Ape- lando à “escola dos marxistas históricos britânicos”, o líder dos invasores
de propriedades espera que o atual período de refluxo seja também um “período
de resistência... prelúdio de um processo de retoma- da”.
Esse período de resistência — que segundo ele poderá levar “alguns
anos” — deverá servir para “aprender
as lições da luta de classes no decurso do tempo”. E o MST deve aproveitá-lo para sua “for- mação política”, valorizando e “estudando Marx, Lenin, Gramsci, mas também os brasileiros Paulo Freire,
Josué de Castro e tantos outros”, disse Stédile
a seus ouvintes altermundialistas italianos.
Permita-me, Santo Padre, frisar a
ameaça com a qual Stédile
concluiu sua arenga: assinalando que é preciso
que “a classe trabalhadora se reúna a nível internacional”, mas que isto seja feito por fora das ONGs e dos Fóruns
Sociais — dado que estes teriam fracassado na tarefa
de “organizar o povo” —, indicou
que agora é preciso
reunir “todos os movimentos sociais do mundo” em um “outro espaço” de confrontação ao capital financeiro internacional. Dessa forma, concluiu, “a curva da luta de classes
será mundial e, portanto,
quando começar a fase de ascensão, será assim por toda parte.
E a terra treme- rá”.
[3 ] Stédile gaba-se de ter conseguido apoio no Vaticano
e Leonardo Boff se regozija com isso
A terra por enquanto não treme. Mas não posso deixar de me perguntar,
Santo Padre, qual a razão de que esse paladino
de uma utopia revolucionária tão visceralmente anticristã e promotor
da violação
sistemática das leis tenha sido convidado
pela Pontifícia Academia
de Ciências. Pois é obvio que, sendo as classes populares cada vez mais infensas
à pregação revolucionária, o interesse
do líder do MST e dos revolucionários em geral só pode ser a sua pretensão de utilizar-se da Igreja Católica
e de organismos da Santa Sé como companheiros de
viagem nessa utópica aventura (daí o apelo a estudar
Gramsci, o grande ideólogo dessa estratégia).
É o que admite o próprio
J.P. Stédile em entrevista5 concedida logo após sua palestra no
Teatro Valle Occupato, gabando-se de ter conseguido “motivar a que o Vaticano nos ajude com a Via Campesina e como movimentos sociais a organizarmos no próximo ano diversas conferências”.
Para ler a íntegra do importante documento do Príncipe Imperial do Brasil
click aqui.