Márcio Coutinho
O casamento do Príncipe William e da agora Duquesa de Cambridge Catherine Elizabeth, ocorrido em 29 de abril último, foi alvo de inúmeros artigos e comentários. Uns, analisando o fato em si, e as consequências políticas para a Grã-Bretanha. Outros, o aspecto histórico e protocolar. Sem querer tirar a esses e àqueles a importância, debruço-me sobre outro aspecto: o efeito profundo que as núpcias parecem ter causado na opinião pública mundial.
Como noticiaram os jornais, mais de 1 milhão de ingleses esperavam em frente do Palácio de Buckingham o almejado aceno do príncipe e da duquesa. Ao mesmo tempo, o evento era televisionado para Inglaterra e para o mundo, deixando mais de 2 bilhões de telespectadores deslumbrados. (Cfr. Folha UOL 30/04/2011)
Ora, esse deslumbre com o chamado “casamento do século” não parece ser uma simples espontaneidade de alma, decorrente da alegria de cônjuges importantes que todos compartilham. Pelo contrário, o impacto mundial acena para um fenômeno mais consistente: imerso num mundo cada vez mais caótico, onde a
beleza, o bom trato, a pompa, o respeito e o ornato têm cada vez menos lugar, as bodas principescas foram uma verdadeira válvula de escape.
Sobretudo os não britânicos sabiam que o casamento nada acrescentaria à sua vida prática. Mas muitos sentiram no acontecimento uma fuga do feio e do hediondo modernos. Uma fuga para o belo, não mais restrito a contos de fadas, mas representado na vida real.
Convém lembrar que este mundo encantado da realeza é fruto da Civilização Cristã, que ao longo dos séculos destilou as cerimônias, os protocolos, as roupas pomposas e aristocráticas de que pudemos ter ao menos uma idéia no casamento de 29 de abril.
Nos dias em que impera a propaganda do igualitarismo, motivado pela inveja, pela cobiça e pelo individualismo, é difícil conceber tal admiração, sobretudo de 2 bilhões de pessoas… É de se presumir que algo do igualitarismo dentro do homem foi golpeado, ainda que apenas por alguns dias!
Uma questão resulta de tudo isto: será que a opinião pública aos poucos vai se dando conta de que a utopia igualitária – tão apregoada por Marx e seus sucessores – não é o fator da felicidade e da paz social? E que as desigualdades harmônicas, recheadas de bondade, de pompa e esplendor trazem muito mais bem-estar do que a luta de classes?
Foi só eu comentar isso com um conhecido que se diz marxista, e ele me disse: “isso é mais uma forma sutil de repressão. O povo é oprimido pela monarquia e ainda assim gosta…” Eu só respondi: “Mas não foi você que me disse que acordou mais cedo para assistir?”
Ele não respondeu, mudou de assunto. No fundo, no fundo, ele tinha gostado…
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