Por que estudar a Religião? - IX
O que é propriamente “Religião”? –– foi o tema abordado na edição anterior; nesta o autor* explica que só pode haver uma única religião verdadeira
Assim como não há mais que um só Deus, não há mais que uma só verdadeira maneira de honrá-lo; e esta religião obriga a todos os homens que a conhecem.
Não pode existir mais que uma só religião verdadeira, pois a religião é o conjunto de nossos deveres para com Deus, e estes deveres são os mesmos para todos os homens. Em verdade, estes deveres nascem das relações existentes entre a natureza de Deus e a natureza do homem. Mas, como a natureza de Deus é uma, e a natureza humana é a mesma em todos os homens, é evidente que os deveres têm que ser os mesmos para todos. Por conseguinte, a verdadeira religião é una, e não pode ser múltipla. As formas sensíveis do culto podem variar; a essência do culto, não.
A religião natural
A religião natural
O homem, por meio da inteligência que recebeu, chega a convencer-se com certeza de que Deus é seu criador, seu Benfeitor e seu Senhor. Deste conhecimento, que se faz patente à razão do homem, resulta para ele o dever de praticar uma religião.
A religião assim estabelecida pelo fato da criação do homem se chama religião natural, porque resulta das relações necessárias do homem com Deus. Pode-se dizer que Deus é o autor dessa religião, porque Ele é o autor da razão e da vontade do homem, nas quais têm sua fonte os princípios e sentimentos religiosos. Assim, a religião existe por direito natural, e sua falta é ao mesmo tempo um crime contra a natureza e uma rebelião contra Deus.
A religião revelada
Deus ama tanto o homem, sua criatura privilegiada, que desejou estabelecer com ele relações mais íntimas, sobrenaturais e divinas, chamá-lo a um fim sobrenatural, que não é outra coisa senão a visão intuitiva do mesmo Deus no Céu. Esta religião sobrenatural é a Religião católica.
Todos os homens estão obrigados a aceitar a religião revelada, a crer em seus dogmas, a cumprir seus preceitos e a praticar seu culto.
Podemos conhecer a religião revelada por Deus mediante sinais certos e infalíveis, e os principais dentre eles são os milagres e as profecias.
O milagre é um fato sensível que suspende as leis ordinárias da natureza, supera sua força e só pode ser produzido por uma intervenção especial de Deus, como a ressurreição de um morto, a cura de um cego de nascença.
A profecia é a predição certa de um acontecimento futuro, cujo conhecimento não
pode deduzir-se das causas naturais. Tais são, por exemplo, o nascimento de um homem determinado, e os atos deste homem, anunciados muitos séculos antes.
Mas o que o racionalismo rechaça na religião revelada são os mistérios. Esta palavra serve de arma para combater a revelação, e ao mesmo tempo de pretexto para não admiti-la. Afirma que a fé nos mistérios não é racional.
Os mistérios da religião são verdades ocultas em Deus, que a razão humana não pode conhecer se Ele não as revela; e que, mesmo reveladas, o homem não as pode compreender. Tais são os mistérios da Santíssima Trindade, da Encarnação, da Eucaristia.
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* Tradução de trechos do livroLa Religión Demostrada , do Padre P.A. Hillaire, Editorial Difusión, Buenos Aires, 8ª edição, 1956, pp. 121 e ss.
* Tradução de trechos do livro
Fonte: Revista Catolicismo, fevereiro de 2010, Leitura Espiritual
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