Arquidiocese do Rio de Janeiro intensifica estudos
com objetivo de abrir processo de beatificação da Princesa Isabel
Equipe do
Arquivo Histórico do Museu Imperial disponibiliza documentos para a pesquisa
sobre a princesa Isabel. A partir da esquerda: Alessandra Fraguar, Thaís
Cardoso, Neibe Machado, Hermes Rodrigues Nery e Athos Barbosa.
Cerca de
80.000 documentos começaram a ser analisados numa pesquisa que visa oferecer à
Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, subsídios para a abertura do
processo de beatificação da Princesa Isabel (1846-1921). De acordo com o
professor Hermes Rodrigues Nery, propositor do pedido feito a Dom Orani João
Tempesta, em outubro do ano passado, os documentos pesquisados até o momento
confirmam os sinais de santidade da princesa, que foi três vezes regente do
Brasil, associando-se de modo ativo no movimento abolicionista, tendo
protagonizado a libertação dos escravos no Brasil, há exatos 124 anos.
Na semana
passada o professor esteve em Petrópolis, para aprofundar os estudos da vasta
documentação existente no Arquivo Histórico do Museu Imperial. Ele afirmou ao Instituto Cultural Dona
Isabel I a Redentora que “escritos da Princesa D. Isabel (cartas,
diários e apontamentos) dão uma dimensão exata da sua fé católica solidíssima,
e de como viveu de modo exemplar a coerência dos princípios e valores do
Evangelho, tanto na vida pessoal quanto pública. Suas opções e decisões estavam
pautadas no humanismo integral, e deixou a melhor impressão de sua vida
virtuosa em todos que conviveram com ela, tendo o respeito inclusive de seus
adversários.”
A Princesa
Isabel se correspondia constantemente com Papa de sua época, Leão XIII, e com São
João Bosco, a quem ela encontrou pessoalmente em Milão, em 1880. Pela amizade
com o fundador dos Salesianos, ela auxiliou na construção do Liceu Coração de
Jesus, em São Paulo, construído em 1885, com objetivo de oferecer aos negros
libertos a oportunidade de estudar lá, gratuitamente.
“Escritos de intelectuais e autoridades da época e mesmo durante o século XX (apesar do patrulhamento ideológico e da conspiração do silêncio que sofreu), atestam suas inúmeras qualidades e virtudes, e o quanto a sua firme adesão à fé foi um dos elementos que fizeram tantos temerem o 3º Reinado. Há relatos também do povo, de quem conheceu D. Isabel e recebeu dela acolhida e apoio, e muitos gestos concretos de quem s oube exercer com elevada consciência a caridade cristã”, acrescentou o professor em rentrevista ao Instituto.
“Escritos de intelectuais e autoridades da época e mesmo durante o século XX (apesar do patrulhamento ideológico e da conspiração do silêncio que sofreu), atestam suas inúmeras qualidades e virtudes, e o quanto a sua firme adesão à fé foi um dos elementos que fizeram tantos temerem o 3º Reinado. Há relatos também do povo, de quem conheceu D. Isabel e recebeu dela acolhida e apoio, e muitos gestos concretos de quem s oube exercer com elevada consciência a caridade cristã”, acrescentou o professor em rentrevista ao Instituto.
A vida da
princesa é muito bem documentada, desde seu nascimento até sua morte (no exílio
em Paris), daí a riqueza de informações que estão ajudando os especialistas a
reverem inclusive aspectos da história brasileira, e a atuação da princesa
Isabel enquanto modelo de fé e política, a partir dos princípios e valores
cristãos.
A admiração
pela história da princesa contagiou o bispo-auxiliar da Arquidiocese do Rio de
Janeiro, Dom Antônio Augusto Dias Duarte que, em entrevista ao site da
Arquidiocese, conta que “conhecendo com mais detalhes a vida dessa
regente do Império brasileiro e conversando com várias pessoas sobre a sua
possível beatificação e canonização num futuro próximo, fico admirado com suas
qualidades humanas e sua atuação política, sempre inspirada pelos princípios do
catolicismo, e, paralelamente, chama-me atenção o desconhecimento que há no
nosso meio cultural e universitário sobre a personalidade dessa princesa
brasileira.”
Dom Antonio
continua, afirmando que “inseparáveis no coração de mulher, de mãe e de
regente, esses amores, vividos com fidelidade e heroísmo, constituíram o núcleo
mais profundo de seu caráter feminino, sempre presente na presença régia dessa
mulher – esposa, mãe, filha, irmã, cidadã – e, sobretudo, na sua função de uma
governante incansável na consecução de uma causa que se arrastava lentamente no
Império desde 1810: a libertação dos escravos pela via institucional, sem
derramamento de sangue.”
Em dezembro de
2011, assessores do Vaticano estiveram com o Vigário Episcopal para a Vida
Religiosa da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Roberto Lopes, OSB, o
professor Hermes Rodrigues Nery e dom Antonio de Orleans e Bragança, e
receberam dados sobre a vida da princesa Isabel a justificar a abertura do
processo de dua beatificação.
Na época eles
solicitaram um primeiro retrato biográfico para viabilizar os procedimentos
visando oficializar o processo. O estudo ficou ao encargo do professor Hermes
Rodrigues Nery.
Homenagem na Catedral de
Petrópolis
No domingo, 13
de maio, após a celebração do dia das mães, às 11h30, houve uma homenagem no
Mausoléu que abrigam os corpos de D. Pedro II, D. Thereza Cristina, D. Isabel e
o Conde D’Eu, entre outros.
O evento
contou com a presença do pároco da Catedral, padre Jaque, e um descendente de
escravos, José Paulino Barbosa (lavrador e compositor), que trouxe de sua
cidade, Desterro do Mello – MG), 124 rosas doadas por ele e que foram
depositadas no túmulo da princesa Isabel. A seguir, na íntegra, o
pronunciamento do professor Hermes Rodrigues Nery, que também é coordenador do
Movimento Legislação e Vida, da Diocese de Taubaté.
Caríssimos
amigos,
Com alegria cumprimento a todos que neste feliz domingo, dia das Mães, nos reunimos para esta celebração na Catedral de Petrópolis, onde repousam os corpos dos imperadores D. Pedro II e D. Thereza Cristina, e também o da diletíssima princesa Isabel e de seu esposo o conde d’Eu. E de modo ainda muito mais especial o dia de hoje, 13 de maio, recorda o momento magno da vida de d. Isabel, quando há exatos 124 anos, assinou a Lei Áurea com a pena de ouro que se encontra aqui próximo, no Museu Imperial. Abolida definitivamente a abolição da escravatura, coroou um capítulo excelso da nossa história, cujo êxito foi possível com a vitória do abolicionismo católico defendido pela princesa Isabel, visando a emancipação dos negros num processo gradual e pacífico, evitando portanto a via da violência. Os dias festivos que sucederam em todo o país, com a assinatu ra da Lei Áurea, foram de celebrações inesquecíveis, legitimando o título justíssimo que ela recebeu, em vida, de A Redentora.
Com alegria cumprimento a todos que neste feliz domingo, dia das Mães, nos reunimos para esta celebração na Catedral de Petrópolis, onde repousam os corpos dos imperadores D. Pedro II e D. Thereza Cristina, e também o da diletíssima princesa Isabel e de seu esposo o conde d’Eu. E de modo ainda muito mais especial o dia de hoje, 13 de maio, recorda o momento magno da vida de d. Isabel, quando há exatos 124 anos, assinou a Lei Áurea com a pena de ouro que se encontra aqui próximo, no Museu Imperial. Abolida definitivamente a abolição da escravatura, coroou um capítulo excelso da nossa história, cujo êxito foi possível com a vitória do abolicionismo católico defendido pela princesa Isabel, visando a emancipação dos negros num processo gradual e pacífico, evitando portanto a via da violência. Os dias festivos que sucederam em todo o país, com a assinatu ra da Lei Áurea, foram de celebrações inesquecíveis, legitimando o título justíssimo que ela recebeu, em vida, de A Redentora.
Mausoléu da Família Imperial -
Petrópolis/RJ
Ainda
naqueles dias, em 20 de maio de 1888, em missa para celebrar o grande feito,
expressou em pronunciamento profético o Barão de Paranapiacaba: “Oxalá veja um
dia o mundo católico a vossa beatificação e a Igreja acolha também em seu seio
a Santa Izabel brasileira”. E lembrou naquela mesma ocasião de que o júbilo não
era completo, pois que seu pai, o Imperador d. Pedro II encontrava-se muito
enfermo, em Milão. “Mas senhora, quando não fossem vossas virtudes que fazem de
vosso coração um sacrário a grandiosa obra da redenção, com que vos
imortalizastes na terra, dar-vos-ia direito a serem vossas orações atendidas”.
Ao que, quando d. Pedro II recebera em seu leito, o telegrama anunciando a
libertação dos escravos, por decisão de sua filha, teve súbita melhora, podendo
ainda retornar ao Brasil e constatar o amor e a devoção do povo brasileiro
àquela q ue por fidelidade à Igreja perdeu o trono e sofreu as dores de seu
longo exílio.
Em 1857, escreveu sua mãe, D. Thereza Cristina, à filha Isabel: Muito rezei a Deus e a SS. Virgem para que te conserve com boa saúde sempre e te faça feliz como uma mãe pode desejar a seus filhos que tanto ama”. As orações constantes de sua mãe, o modelo de fidelidade e sentido de família, fez da princesa Isabel muito mais do que a filha, irmã, esposa, mãe, amiga e avó exemplar; como ainda um modelo de fé e política como governante cristã. Pela sua coerência de vida e adesão efetiva ao Evangelho, é possível que num futuro próximo, os brasileiros poderão honrá-la no altares. Que a Virgem Maria Santíssima, mãe de Deus, e juntamente com Santa Isabel de Portugal e Santa Isabel da Hungria, a quem ela tinha profunda devoção, intercedam para que a Igreja reconheça suas virtudes e muito proximamente possamos chamá-la Santa Isabel do Brasil.
Fonte: AASJC, Maio
de 2012.
Em 1857, escreveu sua mãe, D. Thereza Cristina, à filha Isabel: Muito rezei a Deus e a SS. Virgem para que te conserve com boa saúde sempre e te faça feliz como uma mãe pode desejar a seus filhos que tanto ama”. As orações constantes de sua mãe, o modelo de fidelidade e sentido de família, fez da princesa Isabel muito mais do que a filha, irmã, esposa, mãe, amiga e avó exemplar; como ainda um modelo de fé e política como governante cristã. Pela sua coerência de vida e adesão efetiva ao Evangelho, é possível que num futuro próximo, os brasileiros poderão honrá-la no altares. Que a Virgem Maria Santíssima, mãe de Deus, e juntamente com Santa Isabel de Portugal e Santa Isabel da Hungria, a quem ela tinha profunda devoção, intercedam para que a Igreja reconheça suas virtudes e muito proximamente possamos chamá-la Santa Isabel do Brasil.
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