A juventude não foi feita para o prazer, mas sim para o heroísmo!

sexta-feira, 26 de abril de 2013

O rock enquanto manifestação do ódio diabólico contra Deus

Entrevista
 
Um submundo permeado de práticas satânicas, violências sádicas, aberrações, perversões sexuais e músicas blasfemas, incitando ódio ao cristianismo

Mathias von Gersdorff estudou Economia nas Universidades de Heidelberg e Bonn (Alemanha), graduando-se nesta última em 1989. Trabalhou depois no mundo financeiro europeu. Suas atividades profissionais não o impediram de militar desde 1990 no movimento Pro-Life. É colaborador assíduo da campanha SOS LEBEN (SOS VIDA), uma iniciativa da Deutsche Vereinigung für eine Christliche Kultur – DVCK (Associação Alemã pró-Civilização Cristã). Dirige a campanha Kinder in Gefahr (Crianças em Perigo), da DVCK,

Mathias von Gersdorff

“O satanismo, em muitas das canções dos Rolling Stones ou dos Eagles, parece infantil em comparação com o que vem sendo lançado hoje em dia no mercado”


desde sua fundação em 1993. É presidente da Sociedade Alemã de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP). Escreveu diversos livros sobre meios de comunicação social e direito à vida, entre os quais figuram Satanismus, Horror und Gewaltverherrlichung in den Medien (Satanismo, terror e violência nos meios de comunicação social) e Was ist Horror? (O que é Terror?). É também jornalista e conferencista, colaborando em diversas publicações e pronunciando palestras sobre temas relacionados com Revolução Cultural. Von Gersdorff concedeu esta entrevista — exclusiva para Catolicismo — por meio de nosso colaborador na Alemanha, Sr. Renato William Murta de Vasconcelos.

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Catolicismo — Como diretor de Kinder in Gefahr, uma iniciativa destinada a proteger as crianças contra influências negativas da mídia, o Sr. organizou nos últimos meses duas campanhas públicas denunciando os perigos da música rock de conteúdo satânico. O que o levou a isso?

Mathias von Gersdorff Venho acompanhando há vários anos a presença de elementos satânicos na cultura popular. Contudo, minha atenção estava mais voltada para filmes, televisão e livros, e muito menos para a música. A razão disso é que a literatura sobre o tema satanismo na música pop empregava exemplos a tal ponto antiquados e quase sem importância na cultura juvenil, que isso não me atraía de modo especial. Em todo caso, não me pareceu oportuno organizar campanhas públicas contra peças musicais dos

Rolling Stones dos anos 60. A canção muito citada, Sympathy for the Devil, apareceu em 1968. O álbum “Hotel Califórnia”, da banda Eagles, em 1976, e a canção Stairway to Heaven, de Led Zeppelin, em 1970.

Para a organização de campanhas junto à opinião pública — sempre acompanhadas de lançamentos de livros para aumentar sua credibilidade e seriedade — pareciam-me mais interessantes os elementos satânicos nos filmes e nos romances de horror.

Na última Feira do Livro de Frankfurt, em um stand parcialmente escondido, encontrei um livro intitulado Unheilige Allianzen (Alianças não santas). Depois de folheá-lo longamente e de conversar com o seu editor, percebi a importância, a extensão e a radicalidade da música satânica moderna. O satanismo, em muitas das canções dos Rolling Stones ou dos Eagles, parece infantil em comparação com o que vem sendo lançado hoje em dia no mercado.

Catolicismo — O que o impressionou mais nesse livro e o que ele tem de novo em comparação com os conjuntos de rock dos anos 60?

Mathias von Gersdorff O rock satânico moderno não esconde seu ódio contra o cristianismo. E, mais do que isso, o ódio ou as manifestações de ódio estão no fulcro do rock moderno. Antigamente isso não era tão evidente assim. Uma das passagens que mais me impressionaram são as citações do cantor Andrew Harris — seu nome de artista é Akhenaten — do grupo “Judas Iscariotes”.Ele considera sua música uma campanha de propaganda contra o cristianismo, a qual deve terminar numa guerra. “Como toda guerra, esta guerra começa por meio da propaganda. É exatamente isso que faço com ‘Judas Iscariotes’; divulgo propaganda contra o falso domínio da ignorância cristã”.E explica, de modo preciso, como procura influenciar seus ouvintes: “Com Judas Iscariotes encho os espíritos mortais [portanto os ouvintes] com visões de ódio e de genocídio e incendeio seus corações

O Entrevistado na feira do Livro de Frankfurt

“O rock satânico moderno não esconde seu ódio contra o cristianismo. Mais ainda, o ódio ou as manifestações de ódio estão no fulcro do rock moderno”

com a cólera do mal”.Suas próprias visões ele as descreve na revista Ablaze: “Tive uma visão de milhões de cadáveres crucificados. E quando estavam pendurados em posição elevada sobre as estradas como porcos sacrificados, eu me perguntava se o Deus deles ainda os amava”.

Catolicismo — Mas o Sr. não atribui talvez a essa música uma importância demasiadamente grande? Esse tipo de música não poderia ser considerado como um fenômeno marginal?

Mathias von Gersdorff No último ano organizamos uma campnha contra a difusão de um CD de música que acabava de ser lançado no mercado: o CD Evangelivm Necromantia, do grupo holandês Antropomorphia. Distribuído pela Sony, esse CD podia ser comprado em todos os grandes e conhecidos vendedores da Internet — por exemplo, no Amazon. Na descrição do produto, feita pela própria Sony, pode-se ler: “No que diz respeito ao texto, tudo gira em torno da necrofilia, do assassinato, da conjuração de espíritos e do prazer necrolésbico”.O texto da canção “Carne”, desse CD, descreve com detalhes um sádico assassinato e a posterior violação do cadáver. O texto é de tal modo sádico que não se pode reproduzi-lo.

Pode-se ver, portanto, que este CD não é vendido em lojas obscuras e por debaixo do balcão, mas difundido por empresas gigantescas como a Sony.

Há pouco foi lançado um disco do grupo sueco AEON — igualmente distribuído pela Sony. Esta banda de rock especializa-se em músicas particularmente cheias de ódio. A seu respeito escreveu o portal de rock pesado Metal.de — o mais importante na Alemanha: “Quando se qualifica o grupo sueco AEON como uma das bandas mais blasfemas no subterrâneo do metal da morte, isso tem naturalmente uma razão: como nos três álbuns antecedentes, nos textos do novo álbum Aeons Blackos cristãos são pregados em fileiras na cruz”.

Nos nomes de alguns desses grupos aparecem escritos o ódio ao cristianismo e a blasfêmia. Assim, um CD do grupo Satan’s Wrath (Cólera de Satanás) se chama“Blasfêmia galopante”.Não poucos grupos portam nomes como “Assassinos de freiras”,não impedindo que firmas como Amazon vendam suas músicas.

Esses são apenas alguns exemplos. Eu poderia citar centenas. E ainda não é tudo. A localidade de Kirriemuir, na Escócia, quer erigir um monumento ao cantor Bon Scott, da banda AC/DC. Scott entoou canções como Highway to hell (Autoestrada para o inferno) ou Hell isn´t a bad place to be (O inferno não é um mau lugar para se estar).

Outro exemplo, que mostra como este tipo de música vai se tornando cada vez mais aceito pela sociedade, vem da Polônia. Uma foto imensa de Adam Darski, cantor do grupo Behemont, de Black-Metal, apareceu na capa da revista polonesa de grande tiragemGala. O grupo, conhecido por suas músicas blasfemas, apresenta-se com roupas grotescas e satânicas. Num de seus shows, Darski destruiu no palco exemplares da Bíblia e chamou a Igreja Católica de “seita assassina”.

O “Tagesspiegel”, um dos jornais mais importantes da Suíça, publicou uma entrevista com o cantor de rock satânico Gaahl (seu nome real é Kristian Espedal). Nessa entrevista ele declara com toda a naturalidade: “Sou a favor de que a Igreja desapareça enquanto instituição. A meu ver, as igrejas são como estátuas de Adolf Hitler em Israel; para mim, não há diferença entre uma coisa e outra”.Gaahl fala sem constrangimento em “Tagesspiegel”sobre suas simpatias por Satanás e demais demônios: “Posso ainda utilizar Satanás sempre quando quero, e isso eu faço. Mas os motivos de minha espiritualidade estão hoje em dia mais radicados na mitologia nórdica”.O roqueiro admira Satanás, por ser aquele “que se revolta. Eu faço isso também, hoje como outrora”.

Catolicismo — Qual é a difusão atual desse tipo de música? O Sr. conhece o montante de vendas?

Mathias von Gersdorff O montante de vendas das músicas satânicas não é analisado de modo específico. Os gêneros Death-Metal e Black-Metal pertencem à espécie Heavy-Metal. Contudo, segundo informações de imprensa, o Heavy-Metal é a única espécie de música que assinala um aumento de vendas — tanto em concertos como nos CDs.

O grupo Venom lançou um trabalho com o nome Fallen angels

“Em filmes de terror são mostrados rituais satânicos que se orientam pelas indicações apresentadas por livros de La Vey e de outros autores satanistas“.

Um dos mais importantes festivais de música na Alemanha é o Wacken-Open-Air-Festival, realizado anualmente no mês de agosto. Em novembro de 2012, já tinham sido vendidos todos os 75.000 ingressos para a programação de 2013. Nesse festival devem tocar grupos como Candlemass, que em anos anteriores produziram CDs com títulos como “A ascensão de Lúcifer”ou “Fatalidade da magia da morte”.Também deverão estar presentes os conjuntos de rock Hate Squad (Esquadrão do ódio) ou Rage (Raiva). Em virtude do sucesso, novos festivais estão sendo organizados, um atrás do outro. A esses festivais são dados nomes tais como “Inferno Noruega”, “Inferno Suíça”, “Festa Extrema”, “Festa neurótica da morte”, “Sob o sol negro”ou “Festival da Besta”.

Catolicismo — Esse panorama é aterrador! Tais mensagens de conteúdo satânico são típicas da música rock, ou se encontram também em outros campos da música pop?

Mathias von Gersdorff Essa é uma pergunta que me agrada, porque muitos pensam que o satanismo é uma coisa praticada por grupelhos minúsculos em cemitérios afastados, por loucos que leram a Bíblia satânica de Anton la Vey, e encenam rituais correspondentes.

Ora, isso existe de fato, porém as mensagens de conteúdo satânico são difundidas especialmente através de filmes e séries de televisão. A fim de obter uma documentação ampla, dediquei-me a pesquisar uma grande quantidade de filmes de terror. O resultado foi assustador: em grande número deles são mostrados rituais satânicos que se orientam de perto pelas indicações apresentadas por livros de La Vey e de outros autores satanistas. Porém, não é apenas isso. Em muitos filmes de terror o satanismo vem quase sempre acompanhado de violência sádica e de perversões sexuais. Esses três elementos apresentam-se sempre juntos, mesmo nos romances de opereta aparentemente inofensivos.

Dito de outra forma, um jovem que veja esses filmes não precisa mais ler literatura satânica para aprender como se tornar um completo satanista. Nos filmes ele obtém não apenas o necessário conhecimento, mas também o temperamento, a atitude de espírito, os elementos emocionais. Quando, ademais, ele ouve a música Death-Metal ou Black-Metal

Loja especializada em música Deat-Metal(Metal da Morte)

“Junto com o ódio ao cristianismo — em todos esses gêneros de música o cristianismo é o grande inimigo — surge uma espécie de endeusamento da força”

e se deleita em fantasias cheias de violência, ódio e blasfêmia, pode se tornar rapidamente um satanista. Os filmes e a música podem hoje em dia ser facilmente encontrados na Internet. Praticamente todos os grupos de rock têm contas no MyVideo ou noYoutube. Citei acima o conjunto Antropomorphia. Filmou-se um vídeo sobre a a canção Psychagogia no qual aparece uma mulher com um vestido negro e curto, portando diversos amuletos e brincos bizarros, por ocasião de um ritual. Em torno de um crânio humano aberto e cheio de sangue, a mulher espalha um pó estranho, movimenta os braços cada vez mais freneticamente e murmura fórmulas. De repente, tira um punhal da bainha e, tomando o crânio, bebe com deleite o seu conteúdo. Parte deste transborda, deixando-a manchada pelo líquido vermelho. Isso não é nada comparado com o que ainda de pior se pode ver, mas que não quero descrever nesta entrevista.

Catolicismo — O Sr. afirmou que os conteúdos satânicos nas canções dos Rolling Stones e de outros grupos de rock de outrora não são nada em comparação com o que está sendo lançado atualmente no mercado. Foram eles como que os precursores ou idealizadores dessa corrente?

Mathias von Gersdorff Pode-se retroceder ainda muito mais, caso se queira encontrar elementos satânicos na música. No início do século XX, podemos ver tais conteúdos no jazz e, sobretudo, nos blues. Mas, para voltar à sua pergunta: Sim, propriamente sim, porém já havia naquela época grupos ainda mais extremados — por exemplo, o Black sabbath, cujo disco de mesmo nome apareceu em 1970. Ou o conjunto Coven com seu disco “Bruxaria”,de 1969. Uma canção deste disco é a “Missa satânica”,cujo fundo é a musicalização de uma missa negra.

Porém, o salto quântico da música satânica se deu na Noruega. No início dos anos 90, constituiu-se nesse país um conjunto em regra, o qual se tornou rapidamente violento, queimando igrejas e perpetrando diversos assassinatos. Seu crime mais espantoso vitimou o próprio “guru”do conjunto — Øystein Aarseth, mais conhecido pelo pseudônimo de Euronymous, guitarrista do influente conjunto de rock Mayhem e proprietário da loja de discos “Helvete”, uma espécie de templo dos roqueiros satanistas da Noruega. Ora, Euronymous foi morto por Vikernes, outro membro do conjunto de rock. Pouco antes de sua morte, Euronymous encontrara o cadáver do principal membro de seu conjunto, que se autodenominava Dead (morto) e se suicidara com um tiro no cérebro. Euronymous teria recolhido os pedaços do crânio e distribuído como relíquias a membros de outros conjuntos de rock. Ainda segundo os rumores, ele teria juntado os restos da massa encefálica e comido.

O conjunto de rock Mayhem e os músicos Dead, Euronymnous eVikernes, bem como a loja de discos “Helvete”, se tornaram, por assim dizer, os arquétipos da música Death-Metal (Metal da Morte). Esta se espalhou para outros países, quase sempre acompanhada de assassinatos e incêndio de igrejas.

A música satânica atual tem sua origem nesse cenário, cuja influência chega até hoje. Dou apenas dois exemplos. Um membro do conjunto Frost escreveu o que sentiu ao entrar na loja de discos “Helvete”: “Na primavera de 1991 visitei pela primeira vez a atualmente tão famosa loja Helvete em Oslo, e então passou-se algo. Para mim, ficou imediatamente claro que este era o lugar com o qual eu havia sempre sonhado. [...] A sensação estranha, escura e maldosa que então me invadiu, jamais me abandonou”.Este conjunto de rock popularizou também o costume grotesco de maquiar-se como cadáver. Os roqueiros Death-Metal chamam-no de “pintura de cadáver”.Querem, portanto, se parecer com cadáveres.

Com o tempo a maquillagesetornou cada vez mais extremada. Muitos começaram a se vestir como demônios ou monstros. E as missas satânicas e congêneres ficaram por sua vez mais frequentes nas encenações de concertos de rock.

Catolicismo — Como é que os jovens chegam ao rock satânico? Tratar-se-ia de neopagãos que não mais satisfeitos com as experiências usuais procuram as extremas?

Mathias von Gersdorff Talvez o Sr. fique surpreso, mas é propriamente o contrário. A entrada se dá pelo rock satânico — portanto, pelo Black-Metal e coisas do gênero. Depois eles chegam às formas modernas de paganismo. De fato, isso não é de espantar, porque o rock satânico é muito simples de ser entendido; tem um mundo relativamente bem conhecido de imagens marcantes, a partir dos filmes de terror e de outros produtos da cultura pop. No Black-Metal é preciso ser mau e cheio de ódio. O mundo emocional é, portanto, bem perceptivel e fornece rapidamente o que todos os ouvintes do Heavy-Metal procuram: o golpe de adrenalina. Reproduzida em alto som, essa música desencadeia o impulso adrenalínico e a pessoa não consegue mais ficar quieta. Emoções e instintos profundos são assim despertados e, posta de lado a razão, cai-se numa espécie de estado de transe.

Mas como isso se torna em determinado momento bastante insípido para alguns, estes procuram então estilos de música que em sua perspectiva tenham mais sentido. Vistos de fora eles se parecem como versões fortemente aburguesadas do Death-Metal. Porém, isso não é forçosamente correto do ponto de vista ideológico. Ademais, quanto mais se adentra na música pagã, mais se aproxima do contacto com estilos que são velada ou abertamente nazistas. A passagem para o assim chamado “extremismo de direita”é, portanto, resvaladiça.

Junto com o ódio ao cristianismo — em todos esses gêneros de música o cristianismo é o grande inimigo — surge também uma espécie de endeusamento da força. Pois o que o golpe de adrenalina transmite é uma espécie de sensação de força instintiva e irracional, entretanto bastante autêntica para quem a experimenta. Isso é o que todos querem — e aqui se encontra o ponto de ligação com as antigas religiões germânicas, que outra coisa não eram senão o culto das forças da natureza.

Sendo o cristianismo — a partir desta perspectiva — visto como uma religião dos fracos, dos fracassados, não estamos muito longe de uma concepção nazista de vida.

Kristoffer Rygg, que toca uma mescla de Black-Metal e de folclore no conjunto de rock norueguês Ulver, disse em uma entrevista: “Os cristãos promulgam leis para os fracos e pregam sem valor a humildade, a bondade, a submissão, a culpa e o carregar do peso do mundo [...] os cristãos são os masoquistas, enquanto nós, como sadistas, empunhamos o chicote”.

Um exemplo clássico deste fenômeno é o conjunto de rock norueguês Enslaved (Escravizados), aliás bem-sucedido comercialmente. Originou-se do conjunto de Black-Metal denominado Phobia, pertencente como Mayhem — da qual já falamos — à primeira geração de bandas de rock satânico da Noruega. Com o tempo elas foram mudando seu estilo e hoje pertencem ao gênero Viking Metal, uma espécie de Death-Metal misturada com música escandinava, porém com forte acento pagão. Tocam canções como Ethica Odini. Em sua música há uma mistura bárbara de adoração ao sol e à lua, de lendas nórdicas, de chamanismo, de sacrifícios de sangue, de hipnose, etc.

Apenas para citar mais um exemplo, pode-se encontrar uma forte ligação de paganismo e Death-Metal no conjunto de rock sueco Unleashed (Desencadeado). O cantor do conjunto, Johnnz Hedlung, explicou numa entrevista como ele se deixa inspirar: “Minhas influências vieram propriamente de meus antepassados e do ser da natureza, do sentir de suas forças — ficar simplesmente sentado aqui e saber que o ancestral de meu avô esteve aqui com a sua espada... saber que disso vem uma influência sobre você”.

Os roqueiros do Death-Metal descrevem frequentemente tais sensações. Vikernes, o assassino de Euronymous, disse numa entrevista: “De fato eu te aconselho tentar andar sozinho, numa noite de inverno, por uma floresta norueguesa, e compreenderás o que quero dizer: ela falará contigo”.

Aliás, Vikernes — venerado em muitos círculos como um guru, apesar do assassinato que cometeu e das igrejas que incendiou — assim descreve sua trajetória: “Deu-se por ondas. Em 1991 eu gostava de ocultismo, em 1992 de satanismo, em 1993 de mitologias, e assim por diante, em ondas”.Mais tarde ele se tornou pagão e nacionalista-racista. Para ele o cristianismo é um “implante judaico”; os cristãos deveriam ser sacudidos de seu estado de transe.

Catolicismo — O Sr. acredita que esse tipo de música poderia provocar uma grande perseguição aos cristãos?

Vikernes - venerado em muitos círculos como um guru, apesar do assassinato que cometeu e das igrejas que incendiou

“Escutando essa música bestial horas a fio e formando sua vida emocional com e

Mathias von Gersdorff É importante reconhecer que essa música é para os ouvintes uma espécie de alimento espiritual, algo como a oração para os fieis. Ouvindo-a eles fortalecem seus sentimentos de ódio e seu cristianismo. O que pode acontecer no interior de pessoas que escutam essa música bestial horas a fio e formam sua vida emocional com ela? Que fantasias cheias de ódio e de blasfêmias são por ela despertadas?

Seja como for, ela prepara homens que deixam seus sentimentos se transformarem em atos.

Numa entrevista perguntaram a Anton Szandor La Vey, fundador da “Igreja de Satanás”,o que ele achava dessa música, se ela era verdadeiramente satânica. Ele respondeu: “Imaginem um conjunto de jovens que não estejam sob a influência de narcóticos, que ouviram a noite inteira Black-Metal e que agora ouvem um rufar de tambores e um toque de trompete [ele queria dizer com isso uma música hitlerista]. Vai acontecer como nesta cena de Samson ou de Cabaret, quando milhares de braços se levantam esticados para o ar. Então, que Deus ajude os cristãos!”.

Penso que isso não é exagero. Com esse gênero de música vai sendo preparado um exército de pessoas que odeiam os cristãos e que mediante um determinado sinal poderiam tornar-se ativas.

Catolicismo — O que se pode fazer contra essa agressão?

Mathias von Gersdorff Como leigo — portanto, não como sacerdote — pode-se fazer muita coisa. Na Alemanha, queremos alertar o grande público para a maldade e agressividade dessa música. Queremos que as pessoas tomem conhecimento das blasfêmias e do ódio que se difundem através dela, algo que nenhuma outra religião aceitaria. Basta pensar o que aconteceria caso se atacasse desse modo o islamismo.

Simultaneamente, por meio de nossas ações, exigimos das autoridades que apliquem as leis vigentes e proíbam esta música de ódio.

Enquanto leigos, podemos também nos empenhar para que a piedade cristã seja fortalecida no povo: a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, à Santíssima Virgem Maria, a reza do Rosário etc. Os sacramentos e a oração proporcionam as graças necessárias para se combater esta agressão, pois se trata de um luta sobretudo espiritual entre o Bem e o Mal.

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus e outras devoções proporcionam as graças necessárias para se combater esta agressão, pois se trata de um luto sobretudo espiritual entre o Bem e o Mal

“Os sacramentos e a oração proporcionam graças necessárias para se combater esta agressão, pois se trata de um luta espiritual entre o Bem e o Mal”

Finalmente, como leigos podemos ainda causar muito efeito pela nossa presença. Tal música e seus adeptos constituem a ponta-de-lança da agitação anticristã que em variantes moderadas presenciamos no nosso dia-a-dia. Como enfrentá-la? Raciocínios e argumentos não ajudam muito nestas circunstâncias. Tais impulsos irracionais e excessivos só podem ser contidos se os cristãos se apresentarem sem medo e cheios de convicção. Uma discussão à base de argumentos pressupõe que o lado oposto compreenda o pensamento do outro e desenvolva um mínimo de empatia. Entretanto, com homens que cultivam internamente um tal ódio, não se pode esperar essa capacidade.

De certo modo, trava-se uma luta entre dois tipos humanos. Do lado dos cristãos, constitui problema o fato de ter desaparecido completamente em muitos a prontidão para a luta. Vivem um cristianismo falseado, que vincula a prática de uma espécie de tolerância que chega até ao abandono da própria identidade. Apenas com bonomia e mansidão não se conseguirá ganhar a opinião pública para a causa de Jesus Cristo, e muito menos contrapor-se aos descarados ataques dos roqueiros satânicos. Precisamos com urgência de personalidades do calibre de um Pe. Rupert Mayer, S.J., de Munique (heroico resistente ao nacional-socialismo), de um Cardeal Mindszenty, de um Beato Aloisio Stepinac, Arcebispo de Zagreb (herois que resistiram ao comunismo), os quais não se dobraram diante de nenhum poder temporal ilegítimo.

Catolicismo — Obrigado por esta oportuna e esclarecedora entrevista. Os que a lerem terão muito proveito, pois o problema do rock no Brasil avança nesta mesma linha. Desejamos-lhe muito êxito em suas próximas campanhas públicas em prol dos princípios católicos e na defesa da civilização cristã.

Fonte: Catolicismo, abril de 2013.

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